terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

trabalho de base no Tufi Dippe

Militantes da Frente de Luta pelo Transporte Público realizaram trabalho de base nessa terça-feira, 28 de fevereiro, na escola Tufi Dippe no bairro Iririú.

O trabalho consistiu em palestras problematizando o transporte coletivo na cidade. Desde aumentos de tarifa muito acima da inflação, passando pela queda de passageiros no sistema até os diversos problemas sociais ocasionados pelo uso do transporte individual, como acidentes, poluição e congestionamentos. Além disso, foi-se conversado com os estudantes sobre a necessidade de se realizar 14 audiências públicas para discussão da licitação do transporte coletivo, a criação de um conselho de usuários e a efetivação do transporte coletivo como um direito, financiado pelo IPTU progressivo.

No total dez turmas participaram das palestras no auditório do colégio. O contato foi intermediado por professores da própria escola que apóiam a Frente de Luta.

Por fim, convidou-se os estudantes a estarem presentes na manifestação organizada pela Frente no próximo dia 12/3, segunda-feira, às 18h na Praça da Bandeira, a fim de se seguir até a Câmara de Vereadores participar da segunda audiência.

A Frente de Luta pelo Transporte Público continuará as atividades de trabalho de base a fim de organizar a luta por um transporte público, gratuito e de qualidade.Contate-nos para ir a sua escola e explicar as propostas da Frente. Envie um e-mail para frentedelutajoinville@gmail.com. Só conseguiremos um transporte realmente público quando nos organizarmos. 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

bicicletada dessa sexta

A Bicicletada Joinville realizou nessa sexta, após três anos, o evento da Massa Crítica. Confira aqui o relato de como foi. Abaixo o vídeo do evento. Além de pautar a prioridade do uso da bicicleta, a Bicicletada Joinville defendeu a necessidade de haver 14 audiências para discutir a licitação do transporte coletivo em Joinville. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

trabalho de base no Arnaldo Moreira Douat


Nesta sexta-feira pela manhã, 24/02, integrantes da Frente de Luta pelo Transporte Público foram a escola Arnaldo Moreira Douat, no bairro Costa e Silva, e realizaram palestras sobre transporte coletivo para as turmas de 1º, 2º e 3º anos.

O contato com a escola se deu a partir de estudantes que já haviam participado das manifestações contra o aumento da tarifa que ocorreram em Joinville desde dezembro de 2011. Em razão disso solicitaram que membros da Frente de Luta fossem na escola discutir o problema da licitação do transporte coletivo. Nas palestras foi-se ressaltado os exemplos de transporte coletivo com Tarifa Zero pelo mundo e a importância de se participar da próxima manifestação da Frente no dia 12 de março, segunda-feira, às 18h na Praça da Bandeira, tendo em vista a próxima audiência do processo licitatório que ocorre no mesmo dia. Os integrantes da Frente também enfatizaram as reivindicações de formação de um conselho de usuários, realização de 14 audiências  públicas pelos bairros da cidade a fim de democratizar o debate e a necessidade de se efetivar um transporte realmente público.    

A Frente de Luta pelo Transporte Público continuará as atividades de trabalho de base a fim de organizar a luta por um transporte público, gratuito e de qualidade.Contate-nos para ir a sua escola e explicar as propostas da Frente. Envie um e-mail para frentedelutajoinville@gmail.com. Só conseguiremos um transporte realmente público quando nos organizarmos. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

cartaz para os bairros

Imprima, cole em seu bairro, divulgue e participe! Só ao lutar conseguiremos um transporte realmente público!


Baixe a versão impressão do cartaz aqui.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

manifestação dia 12.03

Imprima, cole em seu bairro, divulgue e participe! Só ao lutar conseguiremos um transporte realmente público!

Acrescentar um ponto ao debate: Conselho de Usuários e Usuárias do Transporte Coletivo


POR MAIKON K


O debate sobre o futuro do transporte coletivo na cidade ganha novos espaços. A primeira audiência pública sobre o tema, organizada pela Comissão de Licitação - cuja composição é de 100% de membros da PMJ (Prefeitura Municipal de Joinville) - deixou a desejar, por justamente não abrir a participação de diferentes setores da cidade que debatem o transporte coletivo. Ao mesmo tempo, as duas audiências (a segunda está marcada para o dia 27 de fevereiro) se mostram com uma tintura democrática, porque segundo a PMJ, o futuro do transporte em Joinville já tem destino definido: controle e exploração da iniciativa privada, longe dos interesses da população.



A FLPT (Frente de Luta pelo Transporte Público) por quatro anos constrói sua visão sobre o funcionamento e importância de transporte público, gratuito e de qualidade para a cidade. Debates e seminários com diferentes vozes formularam com base concreta o projeto Tarifa Zero. O projeto está em discussão no Blog Chuva Ácida. Manifestações ocuparam as praças e as ruas da cidade, única maneira de se fazer ouvir pelo poder municipal, já que o debate com as vozes dissidentes na perspectiva política radical, ainda sofre muita resistência. Eu quero acrescentar um ponto, ainda de maneira introdutória e superficial, que é a formação de um Conselho de Usuários-as do Transporte Coletivo.



A prática política atual está convencionada aos espaços institucionais. Ou seja, tudo que acontece fora da Câmara de Vereadores, da PMJ e dos Partidos está condenada a ser ignorada, tratada com indiferença ou classificada a “rebeldia juvenil”. A FLPT está na contramão da presente prática política, se coloca com disposição a auto-organização das vozes dissidentes por um transporte público. Fato que leva a descrença de setores mais tradicionais da esquerda joinvilense, da grande mídia local e da PMJ. A prática política FLPT é a democracia das ruas. O entendimento dos espaços abertos da cidade proporciona que a cada pessoa inserida na luta traga o seu ponto de vista, seu acúmulo teórico e prático sobre o tema, criando um poder de voz e de voto diferente do que acontece nos espaços institucionais, onde o futuro da cidade é determinado por representantes ligado à exploração econômica e dominação política e cultural. Antes que você afirma algo, já digo, não é a anarquia nas ruas, mas uma tentativa de ampliar o entendimento prático de democracia.



No mesmo cenário, homens e mulheres mantêm entusiasmos com os espaços “democráticos” assegurados pela Constituição de 88 e pelo Estatuto das Cidades. Consideram os Conselhos Municipais como uma via necessária, porque não dizer fundamental, a ser ocupado por nós. Quando críticas são feitas aos Conselhos Municipais, os argumentos estão baseados que os espaços são conduzidos por pessoas corruptas, mesmo assim, ainda se mantém fé nesses espaços institucionais. Porém, nos últimos anos vivenciamos um pouco mais do que simples corrupção. Vemos Conselhos funcionarem para manter a “ordem”, “paz social” e o “trabalho”. Cito somente dois fatos relacionados ao Conselho Municipal da Cidade :  Em 2009,  a articulação do tal Conselho ignorou as vozes dissidentes, na época publiquei sobre a  questão, leia:






Outro fato é que a Justiça cancelou as deliberações do Conselho Municipal da Cidade, mais informações na reportagem do Jornal A notícia, publicada no último dia 14 de fevereiro de 2012.



Por isso, quando falo, e em certo aspecto a FLPT também argumenta, sobre Conselho de Usuários e Usuárias, não faço referência ao modelo pouco participativo, de fácil manipulação para os interesses de quem explora economicamente e domina politicamente e culturalmente os caminhos da história escrita no tempo presente, como nos Conselhos Municipais.



O que trago para vocês é a ideia de que não basta uma empresa pública com transporte público e gratuito, torna-se fundamental a criação de um Conselho de Usuários, que seja proibida a participação da iniciativa privada e da PMJ. A legítima organização de usuários e usuárias do transporte coletivo.







As possíveis responsabilidades do Conselho:



A) que os (as) participantes não sejam remunerados e nem ocupem cargos comissionados na PMJ e na Câmara de Vereadores, menos ainda na iniciativa privada que explora a questão da mobilidade urbana.



B) que os conselhos sejam organizados nas 14 secretárias regionais, mas completamente independente da PMJ.



C) que seja responsável pela fiscalização do funcionamento, dos gastos, das arrecadações para a aplicação da gratuidade



D) que seja responsável pela elaboração, junto com os técnicos responsáveis pelo setor de mobilidade urbana, da criação e mudanças das linhas disponíveis, a condição de trabalho dos motoristas, mecânicos e outros profissionais que trabalham para o funcionamento do transporte



E) que seja responsável pela acessibilidade de pessoas com necessidades físicas, visuais, de ciclistas e outros (as).



No presente blog, quando é citada a necessidade de um transporte público, os descrentes com os serviços públicos apontam o quanto os homens e as mulheres que compõem o Estado são responsáveis por corrupção, gastos excessivos e má gestão. Eu concordo com esses apontamentos na realização da cidade capitalista, apesar de acreditar que essas práticas estão contidas na própria existência do Estado. Porém, torna-se fundamental defender os serviços públicos básicos para todas as pessoas. Dentro do contexto de construção de luta, a criação de um Conselho de Usuários e Usuárias é uma tentativa para evitar os desvios corruptos e de interesses privados em detrimento da população local.



Maikon K é membro da Frente de Luta pelo Transporte Público, professor do ensino fundamental e médio e trabalhador da cultura na CIA Rústico Teatral.

Texto originalmente publicado no blog ChuvaÁcida.
Por Maikon Duarte

A “grande mídia” local insiste representar imagens da FLPT de modo equivocado. Quando aborda o tema o tom é cheio de vícios conservadores, diminui o poder de mobilização e o acúmulo de debates sobre o Projeto Tarifa Zero. Ao colocar o rótulo “Estudantes manifestaram contra o transporte público” ou “Podem protestar, mas com disciplina” as linhas políticas dos jornais ficam evidentes, como se fosse necessário conter as manifestações de oposição a ordem econômica e social constituída na cidade da “ordem”, da “paz social” e do “trabalho”.

Faço a afirmação por saber que as atividades da FLPT não são constituídas somente por estudantes, é também feita por trabalhadores de diferentes campos de atuações, também não é essencialmente masculina, as mulheres jovens e adultas estão na luta. A FLPT não é contra o transporte público, mas contrária ao atual modelo de transporte, que, definitivamente, não é público. Ou seja, até o presente momento, a “grande mídia” da cidade funciona a serviço dos interesses dos seus parceiros da iniciativa privada e da PMJ. 


No presente contexto, nos resta é contar com espaços de não jornalismo, como o blog Chuva Ácida e outras redes sociais. Os poucos canais de comunicação tratam o tema com seriedade, como o Portal Joinville ou com as iniciativas individuais de jornalistas, mas estes estão à mercê dos interesses comerciais do mercado das notícias.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

histórico da Frente de Luta pelo Transporte Público

militantes da Frente realizam trabalho de base no Annes e Marli Maria

Atividade na escola Marli Maria
Militantes da Frente de Luta pelo Transporte Público realizaram atividades de trabalho de base nas escolas Annes Gualberto, no Iririú, e Marli Maria, no Paranaguamirim.

No dia 16/02 falaram no intervalo do Annes Gualberto e passaram em quatro salas discutindo e explicando as propostas da Frente, como a necessidade de 14 audiências públicas para a realização da licitação do transporte e a criação de um conselho de usuários. A recepção dos estudantes foi positiva.

No dia 17/02 militantes foram na escola Marli Maria e lá realizaram uma palestra com duas turmas do terceiro ano. A palestra foi organizada pelo professor  Ricardo. Além de alunos, professores também participaram, como o professor José que declarou apoio a luta. 

A Frente de Luta pelo Transporte Público continuará as atividades de trabalho de base a fim de organizar a luta por um transporte público, gratuito e de qualidade.Contate-nos para ir a sua escola e explicar as propostas da Frente. Envie um e-mail para frentedelutajoinville@gmail.com . Só conseguiremos um transporte realmente público quando nos organizarmos. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

massa crítica


Ippuj abre possibilidade de mais audiências


Mais audiências públicas foi o principal pedido da primeira audiência - Foto: Ramon Kruger/Frente de Luta pelo Transporte Público
Mais audiências públicas foi o principal pedido da primeira audiência - Foto: Ramon Kruger/Frente de Luta pelo Transporte Público
A presidenta da Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj), Roberta Schiessl, confirmou, nesta quarta-feira (15), a possibilidade de haver mais audiências públicas sobre a nova licitação do transporte público de Joinville. A data da segunda audiência, que seria no dia 27 de fevereiro, também foi alterada. Agora o debate está marcado para o dia 12 de março.
“Nós recebemos muitas sugestões pela internet e também muitos questionamentos acerca dessa questão. Por isso, prorrogamos a data para que tenha uma participação ainda maior”, explicou Roberta.
De acordo com ela, a segunda audiência pública servirá para apresentar o modelo de transporte coletivo que o Executivo irá propor, construído a partir das sugestões. Por causa disso, ela acredita que será necessária a abertura para mais audiências.
“Nesta audiência nós não podemos fazer as coisas com pressa. A apresentação do modelo demanda tempo, pois temos que responder a todas as dúvidas das pessoas. E pensamos em fazer essas audiências de maneira mais descentralizada”, afirmou.
No entanto, as 14 audiências públicas solicitadas pela Frente de Luta pelo Transporte Coletivo estão descartadas. A princípio, cogita-se fazer mais duas ou três audiências, informou a presidenta do órgão municipal.

Cartaz de manifestantes na primeira audiência pública - Foto: Felipe Silveira
Cartaz de manifestantes na primeira audiência pública - Foto: Felipe Silveira

domingo, 12 de fevereiro de 2012

baixe o abaixo-assinado pelas 14 audiências

A Frente de Luta pelo Transporte Público reivindica que sejam 14 audiências sobre a licitação do transporte público, isso em razão de que acreditamos que é necessário que os trabalhadores e a população em geral participem do processo. Como Joinville é politicamente dividida em 14 regiões, que seja feita uma audiência em cada uma a fim de permitir uma maior participação popular. 

Iremos entregar o abaixo-assinado no dia 28 de fevereiro no Ministério Público, após a segunda audiência do transporte. Você também pode colaborar. Basta baixar, imprimir e participar da entrega (ou nos contatar para entregar o abaixo-assinado: frentedelutajoinville@gmail.com).

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Transporte coletivo de graça em Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

A Frente de Luta pelo Transporte Público (que tomo a liberdade de abreviar como FLTP) propõe que o transporte coletivo seja gratuito. Ou propõe uma mensalidade baixa, pelo menos enquanto o sistema não puder ser 100% subsidiado (ver no item 10 abaixo). Fizeram uma bonita defesa de seus ideais durante a primeira audiência pública do transporte coletivo em Joinville.

Comentei pelo Twitter que eu dei um passo à esquerda na audiência. Saí de lá convencido de que é preciso brigar pelo transporte coletivo gratuito. Explico porque é justa a gratuidade do transporte coletivo. Segundo a Constituição Federal, o transporte coletivo é essencial (art. 30, inciso V). E me parece que o também constitucional acesso universal a direitos fundamentais, como saúde e educação, depõe contra as catracas. Ora, se eu preciso ir ao hospital, mas não tenho dinheiro para o ônibus, estou sendo alijado de minha cidadania. Alguém discorda?

Uma família que ganha um salário mínimo por mês não tem recursos para pagar transporte coletivo, seja para educação, seja para lazer, seja para ir ao hospital, seja para o que for. Gasta tudo em supermercado, aluguel ou financiamento do imóvel, água, luz e telefone. Não sobra nem para o IPTU, prestação das Casas Bahia, para assistir a uma peça de teatro, comprar uma revista... Façam as contas. Quem tiver dúvidas, fale comigo que eu demonstro.

Sabemos que há duas formas básicas de mobilidade social no Brasil. Educação ou tráfico de drogas. Se a família quer dar estudo pros filhos, um curso técnico ou faculdade, não dá. Por que mesmo que consiga uma bolsa de estudos integral, são necessários R$ 121,00 para ir e voltar todos os 22 dias da escola ou da faculdade, de ônibus. Lembram-se que acabou a grana só nas despesas primárias? Bem, ainda sobra a opção do tráfico de drogas.

TRANSPORTE GRATUITO E DEMOCRACIA

Não há democracia e cidadania sem mobilidade urbana, sem acesso aos direitos fundamentais, sem a possibilidade de o cidadão viver a cidade. Já basta de sermos a cidade operária, que relega suas pessoas a simples conjuntos de braços para trabalhar na linha de produção. É preciso dar condições aos cidadãos, e o transporte coletivo gratuito seria a mais bela demonstração de democracia que Joinville poderia viver.

Ademais, com menos veículos nas ruas, conseqüência natural da gratuidade do transporte coletivo, há um ganho de qualidade de vida: menos estresse no trânsito, menos poluição atmosférica, menos ruídos, mais educação, mais saúde, mais direitos, menos doenças cardiorrespiratórias... Pode não financiar a proposta, mas representa um valor para o povo.

A Frente de Luta pelo Transporte Público faz algumas propostas interessantes neste sentido – não concordo com todas elas, mas após escutá-las, passei a ser favorável ao transporte gratuito, o principal ponto da proposta.

O diretor-executivo do IPPUJ, Vladimir Constante, afirmou em reportagem publicada por AN no início do mês, que segundo suas estimativas, a operação do transporte gratuito custaria cerca de R$ 200 milhões anuais à Prefeitura (o dobro da receita anual atual das concessionárias do serviço). À primeira vista, parece inviável. Mas vamos aos cálculos.

O FINANCIAMENTO DA GRATUIDADE

A FLTP sugere que o transporte gratuito seja subsidiado das seguintes formas:

1. Multas de trânsito. Hoje, a arrecadação é de cerca de R$ 12 milhões/ano, o que serve para pagar o aluguel dos equipamentos, a operação do sistema e o repasse que é feito às polícias do valor. Com o aumento do número de equipamentos dos atuais 25 pra 100, o custo fixo tende a cair, a arrecadação aumentar, mas acho que não será uma fonte de financiamento rentável. Descarto no cálculo.

2. Estacionamento rotativo. Se a CONURB passar a operar o sistema, os custos subirão, pois os funcionários públicos são mais caros que as fiscais da empresa privada. Talvez com inovação e criatividade consiga se reduzir o custo, mas hoje a arrecadação anual do estacionamento rotativo para a Prefeitura é da ordem de R$ 1 milhão. Vamos contabilizar tal valor no cálculo.

3. Publicidade no espaço dos ônibus. Cada busdoor custa R$ 550 por mês (acho barato), se TODOS os espaços dos 354 ônibus forem locados, estamos falando de R$ 3,5 milhões anuais. Mas creio que é possível pensar em ampliar os espaços publicitários e, com isso, aumentar a arrecadação. Mas não será o divisor de águas.

4. Aluguel dos pontos comerciais dos terminais. Vamos lembrar que não há espaço para locar no Terminal Central (dá pra pensar no assunto?), e apenas uma lanchonete no Terminal Norte, Tupy e Sul (que deve pagar não mais que 2 mil por mês). Dos 10 terminais, em 6 há possibilidade de locação. Se pensarmos em 20 mil por terminal por mês, chegamos a cerca de R$ 1,5 milhão por ano. É possível adequar o espaço, construir mais salas, mas hoje não chega a mais que isto.

5. Criação de taxa-transporte para empregadores. Polêmica à vista. Não sei como poderia ser institucionalizada, se é possível, se é legal, mas enfim, vamos lá. Um empregador que pague um salário mínimo custeia cerca de R$ 84 por empregado para o transporte coletivo (R$ 121 menos os R$ 37 que são descontados do empregado, 6% do salário). Um que pague R$ 1.200 de salário custeia cerca de R$ 49,00. Vamos supor que esta taxa-transporte seria de R$ 30,00 por empregado por mês. Considerando aí uma população economicamente ativa de 200.000 pessoas, estamos falando de R$ 72.000.000 anuais. Para a maior parte dos empregadores, é negócio – o vale-transporte de empregados com menos de R$ 1.500 de salário (a grande maioria) custam mais que R$ 30,00 para os empregadores. Será uma parada dura, mas é preciso cabeças pensantes, inovadoras e criativas para pensar nisso. E muita saliva.

6. Menos obras. A economia do orçamento público com obras de infraestrutura: com a maximização do uso do transporte coletivo em detrimento do individual, será preciso investir menos na manutenção do asfalto, em alargamento de ruas, em binários, em novas avenidas, elevados etc. Consta do site do TCE que Joinville gastou R$ 130 milhões em urbanismo no ano passado. Quanto disto poderia ter sido economizado? 10%? Seriam R$ 13 milhões.

7. Menos internações. Consta-me que 49% das internações no Hospital São José advém de acidentes com motociclistas. Se houver forte redução no número de motociclistas, será possível reduzir fortemente os gastos com a internação e com a saúde no geral. Joinville gastou R$ 135 milhões com “Assistência Hospitalar e Ambulatorial” em 2011. Seria possível reduzir 10% deste valor? São mais R$ 13 milhões.

8. Qualidade de vida. Vale dizer que o custo por passageiro tende a cair, uma vez que teremos ônibus mais cheios, acabarão os custos com os tíquetes e os cartões, o fim da catraca libera mais espaço interno nos ônibus, acaba a Passebus e por aí vai.

9. Aquecimento econômico. Considerando que os R$ 100 milhões que a Transtusa e Gidion arrecadam para operar o sistema passariam a ser injetados na economia local (sim, porque os investidores e especuladores não são clientes do transporte coletivo), a cidade ganha mais empregos, a economia cresce e a arrecadação sobe – podendo até mesmo subsidiar uma parte do transporte gratuito. Bacana, né?

10. Mensalidade dos usuários – a FLTP propõe que os usuários (que não sejam vinculados ao Bolsa Família, pois estes receberiam total isenção) paguem uma mensalidadeenquanto o sistema não conseguir ser totalmente custeado pela Prefeitura. Algo como R$ 45,00, e pode usar à vontade. Representaria aí cerca de R$ 97 milhões anuais, considerando 200 mil usuários/dia menos 20 mil beneficiários de Bolsa Família. A proposta prevê que esta mensalidade deverá ser regressiva e extinta em no máximo 10 anos.

Somando as receitas acima, chegamos ao valor total de R$ 201 milhões de reais. Então, é sim possível (do ponto de vista financeiro) acatar a proposta da FLTP.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E IPTU PROGRESSIVO

Mas para extinguir a mensalidade proposta no item 10, a alternativa prevista é a implantação do IPTU progressivo. Especuladores, tremei! Corre à boca miúda que um habitante de família tradicional, ligada à indústria e à ACIJ solicitou à Prefeitura que levasse seus carnês de IPTU de Kombi. Parece que a história de que uma família tem um terço dos imóveis da cidade não é de todo uma lenda. E dá-lhe especular.

Não sou contra a propriedade privada nem a acumulação de riqueza e patrimônio. Quando obtidas de forma lícita, evidentemente. Só que a especulação imobiliária tem um destino previsto no Estatuto das Cidades: o IPTU progressivo, que institui o aumento da cobrança de IPTU gradativamente sobre imóveis desocupados, caso o estes não cumpram a constitucional função social – de habitação.

O IPTU representa R$ 90 milhões de arrecadação anual. Vamos supor que 20% dos imóveis de Joinville estejam destinados à especulação imobiliária (o percentual de imóveis vazios, com ou sem construção, é maior).  Então suponhamos que 20% dos R$ 90 milhões, ou seja, R$ 18 milhões, seja o valor pago de IPTU pelos imóveis destinados à especulação. Se a alíquota é de 0,5% do valor dos imóveis, e 0,5% arrecada 18 milhões, 4% (percentual a ser alcançado em 3 anos, considerando que o IPTU dobraria no IPTU progressivo) representariam R$ 144 milhões de arrecadação, ou seja, R$ 126 milhões a mais. Se chegarmos ao percentual máximo de 15% previsto na Lei, estaríamos falando de R$ 540 milhões só nas áreas de especulação – valor MUITO MAIS que suficiente para custear 100% do transporte e investir em educação, infraestrutura, turismo, políticas públicas, habitação etc.

IPTU PROGRESSIVO NÃO É LENDA

São Paulo aprova IPTU progressivo – http://glo.bo/zHOILh

STF declara IPTU progressivo constitucional – http://bit.ly/wO3Vtt 

Bem, sabemos que a situação real, caso se consiga aprovar o IPTU progressivo, não será tão maravilhosa, pois muitos conseguirão escapar da tributação de alguma forma, além da possível inadimplência. Mas se o IPTU progressivo for aplicado a um terço dos imóveis especulativos, estaríamos falando de R$ 180 milhões de reais.

A intenção é defender o acesso dos cidadãos aos seus direitos. Os cálculos apresentados estão longe de serem científicos, comprovados ou verossímeis. Sou um leigo em planejamento urbano (e em muitas outras coisas). Não tenho a pretensão de ser exato, nem de apresentar a grande solução para todos os problemas de Joinville. Há muitas outras coisas que podem ser feitas para apoiar esta ideia, boa parte delas envolvendo criatividade e inovação. Não falamos sobre outros modais de transporte (é assim que se fala?), sobre a questão da velocidade média dos ônibus (quanto mais rápidos, menos veículos são necessários), sobre a possibilidade de espaçar um pouco mais os pontos de ônibus – e também aumentar a velocidade média, sobre mudar o terminal central de lugar, entre outros temas.

Acho que muitos jogarão pedras, outros ridicularizarão as ideias, sem contar as contestações técnicas. Mas a intenção foi simplesmente lançar uma luz sobre o assunto e afastar a resposta automática de que não é viável, sem sequer fazer alguma análise a respeito.


Texto originalmente postado no blog Chuva Ácida

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Joinville pede transparência e controle social na gestão do transporte público


Na última segunda-feira, 30 de janeiro, houve a primeira de duas audiências públicas para a licitação do transporte coletivo de Joinville, a maior cidade de Santa Catarina. O evento realizado na Câmara de Vereadores foi marcado por manifestações de descontentamento com o atual sistema, que é explorado pelas mesmas duas empresas há 40 anos.

Um dos principais motivos de descontentamento é o valor da tarifa, que sofreu um aumento gradativo nos últimos anos, enquanto houve uma diminuição no número de usuários. Em dezembro de 2011 o valor alcançou a cifra de R$ 2,75 (antecipada) e R$ 3,10 (embarcada). De 1996 até dezembro de 2011, o valor aumentou 358% enquanto a inflação acumulada no mesmo período foi de 180%. Apesar de o sistema de transporte não possuir cobradores, a tarifa é a mais cara de Santa Catarina.

A audiência iniciou com uma apresentação de uma pesquisa encomendada pela prefeitura, sobre a origem e destino dos usuários, realizada em 2010 com cerca de 3 mil cidadãos. Este fato também foi criticado, pois a empresa contratada para efetuar a pesquisa (Profuzzy - Lages / SC) já presta serviços às atuais empresas que exploram o serviço de transporte na cidade: Gidion e Transtusa.

O ponto mais contestado foi a quantidade das audiências públicas, somente 2, e na Câmara de Vereadores, inacessível à maioria da população. Com unanimidade, quase todos os 44 participantes que se inscreveram para ter direito à voz livre, reivindicaram mais audiências públicas nas 14 secretarias regionais da cidade. "(...) 45 anos de exploração do transporte coletivo não vão se resolver em cinco horas de debate.", afirmou Hernandez Vivan Eichenberg, da 'Frente de Luta pelo Transporte Público', organização social que atua a fim de esclarecer a sociedade sobre seus direitos em relação à participação democrática na gestão do transporte público, e que também reivindica uma empresa pública de transporte coletivo.
Já a professora Aline Pereira da rede estadual de ensino, questionou o fato de não poder levar seus alunos para assistir às peças culturais promovidas a R$ 1,00 no SESC, devido ao alto preço da tarifa, denunciando que o acesso aos serviços básicos não são democratizados.

Nesta quarta-feira, 1 de fevereiro, a advogada Cynthia Pinto da Luz, do Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz, acompanhada de integrantes da 'Frente de Luta pelo Transporte Público', entregou um ofício à Promotoria de Cidadania e Direitos Humanos do Ministério Público, e outro no gabinete do prefeito, contestando por lisura a empresa contratada para realizar a pesquisa; e pedindo uma 'Comissão de Estruturação da Licitação do Transporte Coletivo Urbano de Joinville', além da revisão do número de audiências públicas, e a construção de mecanismos que permitam que as pessoas se manifestem sobre a preferência, ou não, de que os serviços públicos de transporte sejam geridos pelo poder público em vez da iniciativa privada.

A próxima audiência pública sobre a licitação do transporte coletivo de Joinville está marcada par o dia 27 de fevereiro, na Câmara de Vereadores.




Vídeos da fala de Hernandez Vivan Eichenberg: http://www.youtube.com/watch?v=NB751SInHoE&feature=player_embedded





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ministério público entra de vez no caso do transporte público

Manifestação de 30/01
O Ministério Público (MP) entrou de vez na discussão sobre a licitação do transporte coletivo de JoinvilleApós mediar uma reunião entre Frente de Luta pelo Transporte Coletivo, Polícia Militar e Prefeitura, a promotora Simone Cristina Schultz, da 15º Promotoria de Justiça, enviou dois ofícios ao Executivo, nos quais questionava o processo para a nova licitação do transporte e também sobre a administração dos terminais. Segundo a Promotoria, o prazo para a resposta do governo municipal é de dez dias.
Na quarta-feira (01), a advogada Cynthia Pinto da Luz, do Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz, entregou à promotora uma cópia de outro ofício, destinado à Comissão de Estruturação da Licitação do Transporte Coletivo Urbano de Joinville. O documento é assinado por mais 15 entidades, entre elas a Frente de Luta pelo transporte Público, e pede a “democratização das audiências”.
A promotora foi procurada pelo Portal Joinville para comentar o caso, mas devido a outros compromissos não foi possível o contato.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O que pensa a Prefeitura, por Cynthia Maria Pinto da Luz*

A audiência pública realizada na segunda para tratar do sistema de transporte coletivo, sob a coordenação da Comissão de Estruturação do Processo Licitatório, foi um momento muito tenso e de sérias dificuldades. O que se pôde perceber é que a comissão não fala a língua dos usuários, entidades e lideranças de bairro. As intervenções feitas pelo plenário evidenciaram um clima de insatisfação com as decisões da comissão e com a condução do processo. Era uma sensação de que alguma coisa estava faltando, apesar de a audiência pública – esperada há tanto – ter sido uma iniciativa bem-vinda.

As perspectivas são complicadas caso a comissão da Prefeitura não leve em consideração questões cruciais para garantir a execução de um processo de construção de um novo modelo para o transporte coletivo em Joinville, que efetivamente atenda às reclamações que são unânimes.

Mas alguns pontos precisam ser reavaliados e respondidos pela comissão, inclusive antes da próxima audiência, agendada para 27 de fevereiro: a) A composição da comissão precisa ser revista e admitidos como integrantes representantes de entidades interessadas, estudantes e usuários, para que tenha legitimidade. Hoje, a comissão, composta apenas pela Prefeitura, não tem o condão de lançar um olhar independente sobre a matéria; b) A contratação da consultoria também deve ser reconsiderada, na medida em que presta serviços às empresas concessionárias, portanto, deve ser substituída. Isso não reveste o processo de lisura, já que é impossível esperar independência e isenção se já há relação comercial com a parte oposta. É um princípio mínimo exigível à prática da moralidade pública. c) Necessário que a comissão reveja o número de audiências públicas a serem realizadas, já que se esperava que ocorressem nos bairros, a fim de oportunizar maior acesso ao debate. d) É preciso construir mecanismos que permitam que as pessoas possam manifestar-se sobre a preferência ou não de que os serviços públicos sejam geridos pelo poder público e não pela iniciativa privada, senão o modelo escolhido pela Prefeitura será tido como uma imposição e não fruto de um debate coletivo.

O transporte coletivo é caro, ineficiente, não atende às necessidades de estudantes, idosos e parcialmente pessoas com deficiência. A forma como está sendo conduzido o debate precisa mudar. Precisamos trabalhar conjuntamente para que não sobrevenha uma licitação cujos resultados não tragam avanços à população usuária e tudo continue igual.






*advogada do Centro de Direitos Humanos de Joinville


Fonte: A Notícia